quinta-feira, 9 de outubro de 2014

The Broken Empire (A História do Menino Lá dos Espinhos)

Comecei a querer ler a Trilogia dos Espinhos por conta de um mau hábito que não consigo largar. Eu amei as capas. Sério.


Acho que não foi só a capa. Eu também amei o título. E a sinopse. E tudo o mais. E olha que eu nem tinha lido a prévia quando decidi: vou ler!

A diferença é que, comparado com Battle Royale que eu também comecei a querer ler só por ver a capa, eu quebrei a cara com esse daqui.

Quatro meses. Foi esse o tempo que eu levei pra finalizar o primeiro livro da série – Prince of Thorns.

A série não é ruim, não, nem um pouco. Eu realmente gostei da trilogia. Mas digamos que, por conta da capa, da sinopse, do alvoroço que esse povo fazia em cima do livro me encheu de expectativas, e digamos que eu esperei mais. Bem mais. Ainda não sei se foi por contar de eu ter lido o livro em inglês. Quem sabe se quando eu reler em português minha opinião mude, mas até lá...

O carinha dos espinhos se chama Jorg. Príncipe Jorg Ancrath. O carinha tem só quatorze anos, mas já se acha o terror dos sete reinos do Império. Sai por aí cometendo maldades porque quer, tacando fogo em tudo porque quer, roubando as pessoas porque quer, enfim, ele faz o que quer porque ele é mau.

Mas ele tem um plano! (por favor, sintam minha ironia) Fazendo tudo isso ele vai, de alguma forma, virar rei e sucessivamente, Imperador...

E é claro que ele tem um passado. Papai nunca tinha tomado conta do pequeno Jorg direito – muito pelo contrário – e quando o príncipe tinha nove anos tinha testemunhado a pior coisa da sua vida. Após a carruagem que ele estava com a mãe e o irmão mais novo ser atacada, a rainha Rowena (é assim mesmo o nome dela?) conseguiu jogar o filho pela janela/porta/nãolembro e ele aterrissou em um arbusto de roseira-brava. Preso pelos grandes espinhos ele não pôde se mover e teve que assistir a mãe e o irmão sendo brutalmente assassinados [Isso não é spoiler, tá na sinopse do livro!] E esse trauma veio a corromper sua mentalidade inocente.

Sim, um passado muito, muito triste. Ainda assim, eu só queria rir sempre que o guri botava a pose de machão.

Por favor, entendam. Eu não odeio Jorg. De forma alguma. É só que, ao saber que o protagonista se tratava de um anti-herói eu esperava alguém mais inteligente, sabe? A atitude dele realmente me irritou no começo. No começo. Eu meio que tinha vontade de dar uns tapas de vez em quando, como se ele fosse uma criança. Não, péra...

Ainda assim, eu perseverei. E diria que sim, valeu a pena. Então, se você abandonou a série porque não aguentou a atitude do Jorg, acredite, a história melhora. Demora de melhorar, mas melhora! Melhora a ponto de eu conseguir superar o moleque birrento que batia o pé pra pegar o trono de volta e finalmente conhecer o menino menos birrento que têm tendência a cometer maldades e compreender que ele faz muita, muita besteira. Acreditem, a primeira melhor coisa a acontecer é você ver que Jorg realmente amadurece.

Sem falar que o estilo de escrita do Mark é excelente. A melhor parte eram os flashbacks. Gente, tinha vez que eu ansiava pelos capítulos situados no passado. Voltar pra poder entender tudo, sabe? Mark deixa de esclarecer tudo propositalmente pra poder contar com os flashbacks, e isso só na hora que ele quiser. Aqui eu afirmo, a divisão história de passado e presente e a revelação gradual de cada um deles foi excelentemente feita, e digamos que foi graças a isso que eu consegui finalizar o primeiro livro. Depois do primeiro tormento livro, os restantes fluíram como água...

Finalizando antes de entrar na Spoiler Zone, eu sinceramente devo dizer que Mark Lawrence subiu gradativamente no meu conceito. Eu senti que acompanhei não só o crescimento de um personagem, mas de um estilo de escrita. A Trilogia dos Espinhos têm seus momentos ruins, mas têm incontáveis momentos incríveis – digo isso no quesito de escrita, porque não acontece quase nada de bom na série – e me garantiu um bom momento de leitura (exceto talvez os quatro meses de leitura no primeiro livro, o resto foi beeeeem mais rápido).

Como seria injusto julgar um livro pela capa, também acho injusto julgar um livro pelos seus primeiros capítulos, ou uma série pelo primeiro livro. Então, aqui vem uma pequena análise de cada livro separadamente. Cuidado, você está prestes a adentrar na Spoiler Zone...


Prince of Thorns
“Clichê e irritante, mas com um ótimo final”.

Meus sentimentos em relação ao primeiro livro são agridoces. Já me expliquei lá em cima, mas vou reafirmar aqui. Jorg me irritava. Jorg me dava nos nervos. Não era porque ele era mal, era porque ele se se achava o mal do mal e que graças a sua maldade ele ia espalhar o mal pelo império do mal. Mais ou menos isso. E a criatura tem quatorze anos! Isso só fazia eu me lembrar da minha irmã (quando eu li esse ela tinha 14) e eu ficava meio que “Baixa essa bolinha, Jorg” ou então “Não força a barra moleque” e até mesmo “Se enxerga, pirralho!”. Mas enfim...

O pior eram as frases dele. Vencer a guerra dos tronos, criar um caminho de cadáveres até o meu trono, sacrificar tudo pelo bem maior que sou eu, levar o mundo a uma completa escuridão, a guerra é incrível se você não percebe você é besta, eu gosto de matar pessoas... Enfim, ele geralmente falava isso com uma série de palavras mais longas, ligações, histórias, paralelos, parábolas, analogias pra fazer parecer que ele era o maior inteligente das quebradas e o mais malvado dos malvados exceto pelo pai. E a cada vez que ele dizia “Isso é parte do meu grande plano de me vingar pelo meu irmão e minha mãe e finalmente pegar o meu trono!” eu ia ranger os dentes e gritar “QUE PLANO SEU RETARDADO? O CARA QUE MATOU TUA MÃE MORA LÁ PRO OUTRO LADO!”.

Consegui começar a tolerá-lo quando Katherine apareceu.

Katherine Ap Scorron, irmã da madrasta de Jorg que enfeitiçou o jovem príncipe com seu olhar afiado. Eu acho que aquele foi o primeiro momento que ele parou com as frases toscas de vilão da Disney sobre conquistar o mundo, quando ele viu Katherine. Sim, eu pensei que eles dariam um ótimo casal, culpe meu cérebro naturalmente feminino por isso.

Depois da minha primeira tolerância o livro começou a fluir mais. Finalmente começamos a adentrar no ambiente do livro... E adivinhem meu choque ao descobrir que aquela bagaça era uma distopia?

Não, eu não fiquei feliz. Fiquei surpresa. Pensei “Ah, você me pegou Mark”, mas não fiquei feliz. Fiquei desnorteada. Muito. Eu com certeza não esperava por aquilo. Mas minha mente já estava cheia demais (necromantes, monstros, a morte de um dos poucos personagens que eu já amava, Jorg comendo o coração do cara lá) para poder esboçar algum tipo de reação além de “Hã?!”. Tinha sido muita coisa para meu cérebro processar. (Mas foi muito legal ver o povo parecendo uns tapados com as máquinas sem nem entender o que é um algoritmo).

Sim, meus amigos que não leram os livros, mas não temem spoilers. Os Construtores (que viviam antes na terra) acenderam os mil sóis (que eu imaginei sendo bombas nucleares) e destruíram tudo, e o mundo agora é o que é – zumbis, magia, etc – porque os Construtores quebraram as regras (da física? De Newton?).

Mas enfim, saltando logo pro final...

A melhor parte foi quando o pai do Jorg meteu a faca no peito do menino. Por quê? Porque se ele não fizesse isso, eu o faria. Eu já meio que gostava do Jorg, mas ainda queria ver o moleque levar uma na cara.

Ainda mais porque foi aí que o passado e o presente se juntaram. Foi como um clique, e eu finalmente entendi tudo. E devo dizer: Foi MAGNÍFICO!! Sério, eu fiquei meio que “CARACA, ESSE AUTOR É UM GÊNIO!!” por dentro. A incrível narração de quando Jorg está inconsciente e a recuperação de uma memória e eventualmente a retirada de um espinho que o incomodara por tanto tempo... Ah, e claro, Katherine aparecendo... *suspira*.

E o final? Incrível! Finalmente o moleque faz algo que prestasse e botou ordem na bagaça. E, sim, ele amadureceu um pouco, mas continua com a mesma atitude impertinente (se bem que eu já o amava mais ou menos).


King of Thorns
“O único da trilogia que é totalmente incrível do começo ao fim...!”


Eu abri pensando: Vamos ter algo bem instigante no começo.


E de fato, eu estava certa.

Só não esperava que eu estivesse TÃÃÃO certa.

Foi assim.



Livro: Capítulo 1 – Dia do Casamento
Eu:


Sim, eu totalmente pensei na Katherine. Totalmente. Até porque ela basicamente dominava o prólogo. Então digamos que eu ignorei todos os sinais e todas as perguntas que o capítulo trazia, toda a guerra acontecendo do lado de fora, os fantasmas assombrando Jorg dessa vez, ignorei tudo! Eu só focava no nome ‘Casamento’.

Às vezes meu cérebro naturalmente feminino me irrita...

Mas enfim, se vocês conseguem imaginar minha animação ao pensar em Katherine e Jorg se casando, com certeza conseguem imaginar minha decepção ao descobrir que não era com Katherine que ele ia se casar.

Eu já odiava a garota.

Princesa Miana. 12 anos. Pequena. Noiva arranjada do Jorg.

Eu nunca a tinha visto, mas já a odiava.












PORQUE O JORG SÓ PERTENCE À KATHERINE E A MAIS NINGUÉM PRA ESSA PIRRALHA APARECER E TOMAR ELE!, foi o que eu pensei.

Enfim, voltando ao livro...

Jorg já está com dezenove anos e, desde o final de Prince of Thorns, é o Rei de Renar (eu sei que o lugar tem outro nome, mas eu realmente não lembro e não tô afim de ir pesquisar agora). Só que ele tá em guerra com o Príncipe (Rei?) de Arrow – que por algum motivo está com Katherine lá do lado de fora. E o casamento dele com uma criança (Miana) é por motivos de aliança com outro rei.

Só eu que achei realmente legal ele chegar da batalha pra casar, e logo depois do casamento voltar pra batalha de novo?? É incrível como um personagem consegue ganhar minha simpatia assim...

Jorg finalmente parou com as frases piegas (o que diminuiu consideravelmente a minha vontade de dar uns tapas nele) e todos os erros que ele cometeu no primeiro livro continuam voltando e o perseguindo (e até querendo casar com ele, vai entender!).

Temos também um novo personagem que eu não esperava que teria tanto papel no futuro. Fexler é uma cópia de um homem. Um holograma com uma IA feita a partir dos dados de um homem chamado Fexler que vivera há muito tempo e agora habita o fundo da adega do castelo do avô de Jorg, e eventualmente se junta às maquinas restantes no subsolo (ou vice-versa). Mas é claro que Jorg é muito burro pra entender tudo isso e só chama Fexler de “espírito”.

E Mark Lawrence faz de novo. Indo e voltando, oscilando entre o passado e o presente. Deixando a gente saber do que aconteceu pouco a pouco e enlouquecer por causa disso. E, comparado ao livro anterior que me irritava quando ia pro presente, esse me deixou completamente satisfeita. Sério, eu amava tanto os Dias do Casamento – com Jorg adulto sendo torturado por fantasmas, uma criança morta e uma caixa cheia de memórias – e os Quatro Anos Antes – com Jorg adolescente sendo torturado por fantasmas, uma criança morta e uma caixa cheia de memórias (acreditem em mim, é ótimo dos dois lados).

E acima de tudo, eu amava os restos dos diários de Katherine Ap Scorron.

Eu amei o livro como um todo. Todas as agonias e todas as dores que ele me deu. Eu amei cada cliffhanger e cada plot-twist (os plot-twists mais do que tudo). Eu amei cada instante daquele livro.

E principalmente, eu amei a Princesa/Rainha Miana.

Porque meu cérebro além de naturalmente feminino é também naturalmente bipolar.

Eu não lembro exatamente a ordem dos acontecimentos, mas eu comecei a me irritar com a atitude rancorosa da Katherine e a amar a personalidade inesperada da menininha. O fato é: eu comecei a gostar menos da Katherine, e quando eu já desistia da minha ideia de um casamento incrível entre os dois, chega Miana com sua malícia e sua esperteza surpreendentes e o meu cérebro automaticamente já pintou ela e Jorg como a melhor dupla do mundo, e eu só esperava que com o tempo eles desenvolvessem algo mais do que uma simples afeição (leia-se, um amor que iria até as estrelas). Sim, afeição. Sim, Jorg se afeiçoou à alguma coisa. (Eu diria que ele é praticamente fã dela depois que ela acabou com cerca de sete mil soldados inimigos em dois segundos, mas é claro que esse pode ser só o meu cérebro naturalmente feminino falando).

Se eu já falei que amei o livro todo não preciso falar que amei o final também, não é? Mark me pegou em sucessão inesperada de plot-twits e me fez amar o livro mais do que eu já tava amando.

Então, sim, King of Thorns é incrível e superou Prince of Thorns de todas as maneiras possíveis. E é claro que, apesar de tudo, Jorg continua sempre o mesmo.

Mas é claro que eu já o amava também...


Emperor of Thorns
“Excelentemente feito, mas podia melhorar o final.”

Eu comecei a ler o livro querendo saber só uma coisa - Cadê Miana? Eu não queria saber de mais nada, esquece guerra, esquece necromantes, esquece o Rei Morto, esquece os inimigo. Eu só queria saber da Miana!

Imagine meu grito interno quando eu descobri que ela tava grávida...

É, foi meio exagerado sim.

Se o meu cérebro naturalmente feminino ainda não te irritou o bastante, segure firme, pois não acabou aqui.

É o dia do aniversário do Rei Jorg e ele está deixando seu castelo e sua esposa grávida (grito agudo) para o grande Congresso para participar da votação para o próximo Imperador. Mas não, a relação entre Jorg e Miana não evoluiu para um amor que vai até às estrelas, ainda está presa na afeição. E Jorg está constantemente se perguntando se é capaz de ser um bom pai ou se ele vai ser a cópia do pai.

E eu gritava 'LARGA DE SER BESTA!'.

Eu já vi esse tipo de coisa antes. O personagem tem o pior pai do mundo e isso acaba por mudá-lo, algumas vezes para o mal; eventualmente, ao ser enfrentado pela perspectiva de ser pai ele entra em um debate interno sobre que tipo de pai será, mas ele sempre se torna um ótimo pai, porque sabe que tipos de erro ele não deve cometer.

Pura lógica (ou algum tipo de vírus que me fez ver brilho e purpurina em tudo que é canto).

Mas enfim, Katherine-chata-querendo-acabar-com-meu-casal-por-puro-recalque ainda continua aparecendo através dos sonhos de Jorg, não é que a megera achou uma utilidade?, e em um deles ela mostra, ao vivo e à cores, sua pequena rainha grávida (grito agudo) sofrendo uma tentativa de assassinato - mas é claro que a pequena Miana conseguiu lidar com a situação (amei ela ainda mais).

Claro, meu coração parou por alguns minutos instantes quando o assassino se aproximou da menina e quase a matou. Praticamente gritei junto com Jorg pra parar tudo, mas nem precisou mesmo...

E esse breve tormento foi o bastante pra Jorg mudar de ideia e chamar Miana pra ir com ele na votação.

Imaginem minha reação.

Vocês não fazem ideia do quanto eu fiquei feliz, não sabem mesmo...

Então, lá vai a família feliz dentro da carruagem, mas Jorg não aguenta ficar lá. Em um lugar tão fechado a responsabilidade de se tornar logo um pai o apavora ele não consegue sentir a liberdade da estrada, logo, ele está o tempo todo procurando uma oportunidade pra sair.

Em uma dessas oportunidades ele se encontra com outra caravana a caminho da grande votação. A caravana do pai. “Eba!”, sussurrei, “Reencontro de pai e filho.” Minha respiração estava tão pesada quanto a do Jorg enquanto ele se aproximava da carruagem.

Aí ele vê.

Não é o papai na carruagem.

Papai mandou um representante.

Katherine Ap Scorron.

A vaca simplesmente não deixava minha dupla genial em paz...

Sinta meu ódio por ela, por favor.

E também sinta meu ódio por Jorg ao oferecer um lugar na carruagem dele.

E agora sinta meu ódio por mim quando eu percebi que o meu desejo intenso de ver um casamento entre Katherine e Jorg talvez não tivesse morrido completamente.

Já falei, a culpa é do cérebro! Mas ainda assim, eu tinha uma inclinação à Miana.

E lá se vai o triângulo preso dentro da carruagem o grupo feliz dentro da carruagem da alegria. Jorg aparentemente está contente com tanta atenção (duas mulheres brigando por ele causam esse efeito), mas ele parece ter esquecido o quanto mulheres grávidas com os hormônios à flor da pele podem ser perigosos (só lembrando que em King of Thorns Miana acabou com sete mil soldados inimigos em dois segundos).

Sim, sim, eu estou ignorando o resto todo da história, mas francamente, quem se importa?

Chella? Recalcada que não se toca.

Kai? Tapado que não se toca.

Rei Morto? Recalcado que voltou dos mortos.

Bem, digamos que o resto da história não era tão grandioso assim. Seja porque Mark deixou óbvio, seja porque eu sou vidente mesmo, eu já sabia quem era o Rei Morto. Acho que se não ficasse tão evidente e se Mark não desse a pista na cara da sociedade (“Ele é novo. Mais novo do que você.”) eu teria mais prazer em ler essas partes da história.

Mas um irmão zumbi rancoroso não é o melhor personagem pra me instigar a ler certa parte da história de um livro.

Mas eu com certeza gostava de ver o quanto Jorg se importava com Miana e com o bebê toda vez que eles estavam em perigo. E isso inclui o parto, quando um monstro cujo nome eu não lembro tentou matar Miana e Jorg saiu cavalgando pelos campos pra acabar com a raça do bicho com todo mundo gritando pra ele ficar.

Eu dizia “Deixa o garoto ser feliz e fazer o que sabe fazer!”.

Muitas páginas e capítulos e cenas incríveis depois sabemos que o bebê nasceu. Um menininho. Jorg o chamou de William. Jorg amava o filhinho. Mesmo que ele não soubesse ainda. Se você imaginou meus olhos brilhando agora mesmo você acertou.

Eu também amava o bebezinho. E foi graças a ele que eu chorei lendo esse livro. A única vez que eu chorei lendo a série. Uma cena que me tocou mais do que quando Jorg acidentalmente matou Degran, ou do que quando ele descobriu o que tinha feito. E olha que aquela cena me tocou pacas.

Foi quando Jorg pediu pra Gorgoth cuidar do filho dele.

Me caíram duas certezas. A primeira foi que Jorg amava o filho mais do que tudo. E a segunda foi que Jorg com certeza ia morrer.

Eu já sabia disso. Desde que ele visitara os matemágicos no oriente eu sabia.

- O que seus cálculos dizem? – um rugido que os fez encolher.
- Dois. – Qalasadi disse. 
- Dois? – uma risada saiu de mim, aguçada, cheia de mágoa. Ele curvou sua cabeça. 
- Dois. – Yusuf correu um dedo pelas páginas rabiscadas. 
- Dois. 
- É o que a mágica nos dá. - Qalasadi disse. 
Algo gelado formigou nas minhas bochechas. 
- Por que dois? 
E o matemágico franziu o cenho, como ele havia feito na corte do Castelo Morrow, como se tentando lembrar-se mais uma vez de uma sensação perdida, relembrar um gosto esquecido. 
- Dois amigos perdidos nas terras-áridas? Dois amigos a serem feitos no deserto? Dois anos longe do seu trono? Duas mulheres que conquistarão seu coração? Duas décadas que você viverá? A mágica está no primeiro número, a matemática no segundo.

Eu já estava consciente. Mas Jorg, preparando tudo pro filho ter amigos depois que ele se fosse, conseguiu me comover.













Vou saltar tudo agora senão esse texto vai ficar mais longo do que já tá...

Senti que os primeiros flashbacks eram pra complementar a história, explicando fatos como “O que realmente aconteceu com os Construtores?” ou “Como foi que eles acenderam os mil sóis?” e outras coisas assim. Por algum motivo eu gostei do Fexler rapidamente, então, mesmo que não houvesse grandes plot-twists eram capítulos agradáveis de ler. Mais na frente, ainda na parte dos Cinco Anos Antes, a gente começa a perceber que ele cometeu atos deliberados para ajuda-lo no dia da votação.
Aquele sim foi um plano. Claro que Fexler ajudou, mas...

Então, quando Jorg chegou ao Tall Castle e começou as manipulações pra ganhar voto com Fexler ajudando eu comecei a ficar frenética. Quando a votação começou com Jorg na frente, o Rei Morto se aproximando do castelo e os votos sendo desesperadamente anunciados com Fexler ajudando eu fiquei eufórica. Quando Jorg se sentou como Imperador em Viena, Senhor dos Cem – o Império Unificado, eu dei um pulo e fiz uma dancinha da vitória.

Por pouco tempo, porque o Rei Morto já tava subindo as escadas.

Eu sabia quem ele era então fiquei muito frustrada por Jorg não saber também, e nem descobrir durante o discurso dele, mesmo com o cara toda hora o chamando de “Irmão Jorg”.

Mas Jorg esqueceu a conversa assim que o cara ameaçou o filho dele...

Esse povo nunca aprende mesmo.

E foi a partir daqui que o livro caiu...

Enfim, lutas e duelos. Batalha do povo contra os mortos e alguns necromantes. Briga briga briga briga. Não me lembro de nada muito notável acontecendo durante essa parte, mas, assim que Jorg derrota o Rei Morto, no último instante, antes de morrer, Jorg olha nos olhos do inimigo e o reconhece.

Daí ele vai pra outro drama porque é a segunda vez que ele mata um irmão.

Daí vem a culpa porque ele deixou o irmão morrer.

Sinceramente? A única imagem que me veio de William [irmão de Jorg] foi a de uma criança mimada e emburrada porque o irmão ganhou um presente que ele tinha gostado.

Tipo assim: Eu morro e meu irmão fica vivo? Quero nem saber, vou erguer um exército do túmulo comigo e vou matar quantos me derem na telha só pra matar a mulher e o filho dele pra me vingar.

Não sei se Jorg pensou nisso enquanto se corroía por ser um cara mal e um covarde que assistiu o irmão morrer. Sei que ele teve a certeza de que o irmão voltaria atrás do filho; quando o choro de Wiliam [filho de Jorg] encheu o salão repleto de pessoas mortas e Jorg recebeu uma mensagem dizendo “Você pode salvá-lo.” Ele soube o que devia fazer.

Eu fui totalmente contra isso porque havia uma maneira melhor de consertar as coisas, mas...

Jorg morreu. Falei, e se você não levou meu aviso de spoilers a sério lá no início eu digo que é muito bem feito. E em sua morte ele livrou o irmão de uma eternidade rancorosa e juntos ele levaram o mundo ao estado inicial, sem zumbis e sem magia (não me perguntem como).

Após esse dia, Fexler, a IA que agora comanda todo o Tall Castle, criou uma nova IA com os dados de um cara chamado Jorg que morrera há não muito tempo. O pequeno imperador Will eventualmente o enche de perguntas, mas exceto por ele, ninguém mais vem. Porque todo mundo acha que ele é um fantasma!

Em relação ao restante do livro, esse final foi meio apressado – e um pouco forçado em algumas partes, mas o epílogo meio que recompensou.

Emperor of Thorns foi magistral até o momento que a morte de Jorg é justificada já eu não concordei com ela.

Nada contra personagens morrendo (MENTIRA! SOU COMPLETAMENTE CONTRA!), mas, queridos autores, se forem para matar, por favor, tenham certeza que o motivo é absoluto e que o mesmo final não seria conseguido de uma maneira em que o personagem continuasse vivendo.

Afora isso foi um grande livro.

Afora isso, e tudo o que eu falei de negativo nos livros anteriores, foi uma grande série.

E sim, poderíamos ter uma continuação incrível para essa trilogia.

Mas a história já acabou.

Recolha minhas lágrimas, Mark...

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Eu também sou louca pela Miana!
    Ela é a melhor!
    Queria que Jorg tivesse se apaixonado loucamente por ela!

    ResponderExcluir
  3. Na boa, eu sempre odiei a Katherine! DESDE O COMEÇO!
    Miana para salvar as personagens femininas da série <3

    ResponderExcluir