domingo, 2 de novembro de 2014

Gone With My Lágrimas

E mais uma vez trago uma resenha para um blog que praticamente não é lido! (Vou ter que fazer alguma coisa quanto a isso mais tarde...) E mais uma vez trago a recomendação de uma série…

Primeiramente estejam avisados que se você são aversos a mortes de personagens afastem-se daqui, corram enquanto ainda há tempo. Mas se estão dispostos a sacrificarem algumas lágrimas e corações partidos pelo bem de uma excelente leitura, aproximem-se do fogo crianças, mamãe vai contar uma história…

Primeiramente, essa série me provou o quanto um título pode ser fundamental para chamar a atenção de um leitor em busca de novos livro, e também o quão apelativa uma simples frase pode ser.

Gone - O mundo termina aqui

Essa série foi recomendada em um fórum de alguma comunidade do finado orkut (um minuto de silêncio), algumas semanas depois eu não lembrava mais da sinopse ou do nome do autor ou quem foi o bendito que recomendou o livro ou em qual tópico tinha sido. Mas eu lembrava do título e do “slogan”.

Simples, curto e direto:

Gone.
O mundo termina aqui.

 Agora, como a coisa ficava na minha cabeça:

!!! GONE !!!
!!O MUNDO TERMINA AQUI!!
!ME LEIA!

Você provavelmente não sentem o que eu sinto ao ler isso já que eu tenho alguma espécie de doença mental, mas saibam que é algo semelhante à:


por aí…

Mas enfim, comecei a ler a série e apaixonei…

Gone é uma série de seis livros escrita por Michael Grant, e apesar de parecer ser doce e inocente a primeira vista ela realmente vai consumir seu coração pouco a pouco.



Se eu pudesse classificar por “favoritagem” seria algo mais

Lies - leiam com o coração pronto para os golpes 
Fear - leiam com a mente pronta para misteriosidades 
Light - leiam com uma caixa de lenços de papel
Hunger - leiam com a geladeira cheia e um lanchinho do lado
Gone - sem avisos extremos pra esse
Plague - leiam com o corpo pronto, vocês vão precisar

E eu realmente devia divulgar as capas das edições brasileiras da Galera Record - até o momento só os quatro primeiros lançados




Ainda não sei o alvoroço e relação as capas brasileiras, acho tão ruins quanto às americanas, mas...
As americanas relançadas são absolutamente incríveis


Em uma pequena cidade da Califórnia (eu acho) chamada Praia Perdida ocorreu um dos acontecimentos mais sem-noção misteriosos que você já viu por aí. Todas as pessoas com quinze anos ou mais desapareceram sem mais nem menos. Não houve explosão ou clarão ou som, os adultos simplesmente estavam lá e no segundo seguinte não estavam mais.

Foi meu primeiro ponto positivo em relação ao primeiro livro. Nada de enrolação, cotidiano do protagonista, introdução dos personagens, nada disso. A história já começa indo direto ao ponto! O que nos poupa de diálogos maçantes, narrações chatas e a baboseira toda…

Não se preocupem, temos tempo o suficiente para flashbacks e revelações mais tarde.

Voltando...

Os desaparecimentos não foram a pior parte. Ao redor da cidade, encirculando parte do mar, uma parte dos bosques, uma parte do deserto, a área residencial, alguns lagos, a usina e outras partes lá, apareceu uma barreira gigante, translúcida se vista de longe, mas branca leitosa ao se aproximar dela. Bônus: a barreira causa dor se tocada.

Tá, não é bem uma barreira, é uma cúpula. Nem bem uma cúpula, já que ao cavar perto da base descobriu-se que ela continuava eternamente, é uma esfera. E agora temos um bando de crianças entre 0 e 14 anos sem poder sair do lugar e sem nenhuma supervisão adulta. 

Coisa boa é que não podia dar…

Sem professores, polícia ou pais por perto, os mais velhos - e mais malvados - começam a dominar os mais fracos. Os mercados são arrombados, saqueados. Crianças pequenas choram pelas mães, bebês sem entender de nada, rebeldes achando tudo muito bonito e nosso herói Sam Temple sem saber o que fazer.

Ao evitar uma tragédia com o ônibus escolar no passado, nosso protagonista Sam ficou conhecido pelas suas habilidades natas de sempre saber o que fazer em momentos de crise. Bom, essa é uma crise e todos olham para o pequeno Sam (que tem 14 e escapou por pouco de ser levado) em busca de respostas. E o pequeno Sam - que é só uma criança sem muito amor pelos holofotes ou pelo peso que agora recai em seus ombros e só queria poder surfar em paz - também quer algumas explicações.

Explicações que eu não detalharei porque essa resenha vai ser livre de spoilers…

Mas saibam que nem o desaparecimento ou a cúpula são os elementos mais misteriosos (ou originais) da série. Com o passar do tempo vemos crianças com habilidades e comportamentos um tanto inumanos, criaturas se esgueirando nas sombras das minas e nas dunas do deserto, e o temido aniversário de 15 anos, que ninguém tem certeza do que pode trazer…

Falando nisso, note que há uma contagem regressiva.

CAPÍTULO UM - 299 HORAS E 54 MINUTOS

Inicialmente você nem se importa muito com tempo, afinal, ainda tem muita coisa pela frente, mas quando fica algo meio que

CAPÍTULO QUARENTA E CINCO - 14 MINUTOS

Corram para as colinas, a coisa tá ficando séria!!

E agora um pequeno aviso, não comprem esse livro para o seu primo de doze anos! Apesar de ter personagens nessa faixa etária não é para eles que essa história é destinada. Os dois primeiros livros podem até ser leves e meio que inocentes - se você ignorar algumas mortes um pouco cruéis - mas a medida que os livros passam, os recursos vão ficando escassos e a tensão começa a assentar sobre e entre as crianças sobreviventes, a leitura vai ficando cada vez mais pesada e caótica. O que começa com um cenário praiano, com vilões e mocinhos definidos, acaba se tornando um universo praticamente distópico, onde crianças não confiam em ninguém e andam armadas em plena luz do dia.

Creio que falei no início sobre mortes de personagens, não falei? A medida que o ambiente vai decaindo, mais personagens morrem de maneiras mais macabras ainda (quando digo macabras eu realmente quero dizer macabras) ao ponto de eu olhar pro céu e perguntar se aquela era uma versão infanto-juvenil de As Crônicas de Gelo e Fogo.

A série é magicamente escrita (até achei algumas partes semelhantes a BR, como a mania de narrar todo o background de um personagem quando ele aparece e não ser nem um pouco maçante) e bem original. Michael Grant é um dos meus gênios dos plot-twists e dos cliffhangers, e eu achei essa série tão incrível que não consegui parar de ler, e - na época Praga ainda não havia sido lançado pela Galera Record - tive que ler os três livros finais em inglês mesmo.

Com personagens tão humanamente bem criados que você começa a amar alguns e odiar outros conforme o tempo passa, Gone é uma série tão empolgante e frenética (e em alguns momentos tão dark) que é quase impossível se conformar com o tanto de tempo que a Galera Record demora de lançar as versões brasileiras. 

Recado para meus queridos amigos desejosos pelo fim: Vocês não sabem o que está por vir…

Se serve de aviso, o título meio que indica o meu estado quando acabei de ler Light. 


Todos os outros livros foram marcantes e em alguns pontos lindos e engraçados, mas sempre vou me lembrar de Gone como a série infanto-juvenil dark com um pitada de ASoIaF que tirou meus personagens de mim, acabou com minhas noites de sono devido aos seus cliffhangers, e me fez chorar rios quando acabou. Se eu pudesse eu me transformava em Michael Grant para reescrever o fim e criar um final pelo menos um pouco mais feliz para os meus bebês, mas essa luz já apagou.

Gone me consumiu, me consumiu ao ponto de me dar ideias para escrever uma ou duas fanfics algum dia. E mesmo que exista a chance de uma série de televisão nascer desses livros, sei que nada vai mudar o belo, e ao mesmo tempo trágico (sem spoilers!) fim.

Gone foi incrível.

Mas a história acabou. 

(E acabou minha vida, acabou meu coração, acabou tudo!)